domingo, 22 de janeiro de 2012

O que se deve e não se quer esquecer


A angústia e o medo me consomem. A busca de esquecer o inesquecível parece árdua, principalmente quando é algo que não se pode, ou melhor, não se quer esquecer. O esquecimento é o melhor remédio, mas ainda não temos tal poder ou não queremos tê-lo. Talvez um abraço seria reconfortante, mas a quem me voltar com olhos de piedade, insistindo por cuidados se mal posso levantar meus olhos e erguer minhas mãos. As palavras não saem, as lágrimas não caem e apenas o silêncio e o vazio da noite me acompanham e me sufocam.

Tua ausência e teu silêncio também me sufocam, estou sozinha diante de coisas inexplicáveis, de sentimentos que oscilam e uma solidão que me faz tremer. Tenho procurado, sem encontrar, os meus fragmentos que caíram do alto de um prédio e foram levados pelo vento. Foram morar em algum lugar distante dentro do país dos sonhos, rodeado apenas pela névoa da memória. Para quem correr? em que direção seguir? onde me esconder e de que exatamente?

Como sempre são apenas palavras encobertas, pressionadas em meu peito, procurando o momento oportuno para vagar pela escuridão de sentimentos que enebriam meus pensamentos. Mas dessa vez não vão sair, não sei mais quem é aquele reflexo no espelho. É que são tantas portas e tão pouca coragem, uma imensidão e um mundo que parece sempre trazer lembranças antigas, pois não para de girar.

Heloísa Braga

sábado, 14 de janeiro de 2012

Angústia desesperada


O medo, o desespero e angústia me consomem em uma noite sem dormir... Sinto um calafrio e um pavor que não sei muito bem explicar de onde vem. Queria poder me deitar e acordar sem essa pressão em meu peito, sem esse tormento que me aflige... Fique ao meu lado, não emita nenhum som e me olhe de uma forma que eu consiga entender que vai ficar tudo bem... As noites são travessias que faço sem poder voltar e os dias são recanto de calmaria. Quero a segurança de teus braços, o aconchego de seu colo e tuas mãos afagando meu cabelo. Sei que nada funciona diante da certeza da impossibilidade de dizer o que penso, o que sinto, o que quero... A angústia do saber é o pior de todos os males...

Heloísa Braga

Sonho de uma tarde de verão


Sob o sol ardente de uma tarde de verão nos amamos,

pude sentir tuas mãos dominando meu corpo trêmulo.

Nossos corpos dançando como se ouvíssemos Tchaikovsky,

em perfeita harmonia, íamos do êxtase a calmaria.


Num encontro que envolveu nossas almas,

como um pacto selado com nossas vidas,

nossos corpos quentes se agitaram,

nossos corações em um só compasso alucinante pulsaram.


Do encontro abrasador de nossos lábios surgia a mais bela chama do desejo.

Contra teu peito me senti segura para amar sem receio.

Senti tuas mãos me percorrerem suavemente

como se quisesses que aquele instante durasse eternamente.


Senti o som suave de tua voz sussurrando em meus ouvidos

o desejo que inflamava em nós.

Como se estivéssemos envoltos por uma névoa espessa,

fizemos uma singela promessa.


Foi um lindo sonho de uma tarde de verão,

embalado pela língua dos poetas.


Heloísa Braga

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Apenas imagens


A cada dia que se passa, a forma como as coisas parecem transcorrer, me fazem pensar que somos boas lembranças um do outro, mas acima de tudo, ainda somos desejos bons... Às vezes penso sobre isso e confesso que fico assustada, pois tenho um pouco de medo da realidade, das expectativas e da imagem que construímos de nós dois... Será que realmente somos como imaginamos e se os nossos reflexos forem melhores que nossos semblantes... Às vezes queria viver apenas com tuas lembranças do que com nossa realidade, mas é melhor tentar e ver o que acontece do que nunca ter provado o sabor de nossas angústias...
Ao refletir sobre isso percebo que somos apenas construções... de nós, dos outros, de ninguém...

Heloísa Braga